terça-feira, 22 de novembro de 2016

ENTRE MENINOS E HOMENS

 


É possível colocar apenas os pés na margem e falar para todos que todo o corpo foi lavado com apenas um mergulho.
     É possível mergulhar até a distância que a própria natureza e instinto suportam, voltar para areia e manter em sigilo essa experiência.



Meninos se viciam com a fantasia. Se perdem até a hora do almoço ou do dever de casa.
Homens enfrentam a realidade não abortando a fantasia. Sabem fazer uso dela para oxigenar a alma. Seja o encontro com a arte, a reflexão da leitura, o fantasiar em um carnaval ou a magia de um vinho.


Meninos tem as palavras ritmadas pela ansiedade e afobação.
Homens tem a responsabilidade de manter o sim quando verdadeiramente é sim. E o não quando verdadeiramente é não!
O que passar disso, o Filho do Homem já ensinou que não é saudável.

Um menino troca de identidade com um homem.
Simula um bigode que não tem. Sorri dessa fantasia.
Um homem usa a camisa de um super herói. Sorri ao perceber que ainda consegue se apegar ao mundo da ficção.

Ele sabe que os mitos precisam nos visitar antes de dormir.

Sorriram um para o outro. Um vendo a projeção do que ainda será.
O outro a nostalgia do que foi.

O corpo cresceu, mas a roupa continua do mesmo tamanho.
O corpo é pequeno, mas a camisa social tomou todo o corpo.

Ambos possuem o ontem, o hoje e o amanhã.
Cada um possui o código da vida. O mistério do abrir os olhos a cada manhã.

Ambos tem o mesmo Pai que é classificado como Nosso.
Ambos são filhos da viúva.
Eles são iguais. O Ontem e o Hoje. Ambos sem conhecer o Amanhã.

Pedro Curvelo
Novembro de 2016

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

SE CONVERTENDO EM DEUS (Pontifex Maximus)



Nossa história tem diversos ícones de seres humanos, líderes políticos, que se "converteram em deus".
Desde a figura do Faraó no Egito até Júlio César, ditador romano, que se tornou Sumo Sacerdote (Pontifex Maximus) e depois em um "deus vivo". Para ser mais atual, Hitler ao se comparar com o "Espírito Santo" em um dos seus discursos.

A política sempre precisou buscar um cunho religioso. Tudo para inflar o ego do personagem político. O último estágio nessa ação é colocar o "trono nas alturas". Até no comunismo essa prerrogativa foi utilizada. Por um outro viés, o de combater a religião. Não em nome da laicidade do estado, e sim, para combater a religião e fortalecer o "braço de prata" do Estado (livro do profeta Daniel na Bíblia).

Na história da Igreja Católica Romana, o Papa Leão I (440-461) abraçou esse título, visto que era a consolidação do poder político romano com a nova religião, o Cristianismo. Até hoje é mantido no papado esse título. Afinal, o Vaticano é um Estado Teocrático. 

O tempo nos revela o quão traiçoeiro é essa relação. Política junto com a religião fortalece os interesses de um grupo ou líder político. A oratória política ganha vida quando o "nome de Deus é usado em vão". Belo exemplo foi a votação do impeachment da Dilma. Foi tanto "em nome de Deus" que parecia um exorcismo na política.

Os efeitos colaterais da chamada "bancada evangélica" são maiores que os benefícios. Observem a operação Lava Jato que revelou vários parlamentares evangélicos. Observem Eduardo Cunha e suas campanhas na Rádio Melodia no Rio de Janeiro. "O povo merece respeito!" Esse irônico slogan de Cunha prejudicou a imagem dos evangélicos na política. Em suas campanhas políticas, por exemplo, era frequente o Pastor Silas Malafaia e o RR Soares chamando Cunha de "homem de Deus". O povo dizendo amém, ao invés da criticidade que a história do protestantismo nos ensinou.

Assim, devemos entender que Religião e Política tendem a fortalecer o poder temporário. Em detrimento, na maior parte, da religiosidade individual. Natural termos políticos religiosos. No entanto, envolver o altar da instituição religiosa com o palanque político é perigoso.

Pense Nisso!

Pedro Henrique Curvelo
Agosto de 2016

Imagens:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Imperador_romano
https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Le%C3%A3o_I
http://germanoreis.com/politica-com-humor-deus-reclama-de-usarem-o-nome-dele-na-votacao-de-impeachment-de-dilma-rousseff/

sexta-feira, 27 de maio de 2016

NOSSA CRISE





A crise na política que vivemos atualmente é apenas uma ponta do Iceberg.

Ela gerou uma crise econômica agressiva. Os músculos da nossa produtividade estão enfraquecidos. De um lado, a força do trabalho de alguns, do outro as “pedras de decoração” que estão na máquina pública, cujo custo pesa demais na balança e desequilibra. Além de atrapalhar os funcionários públicos que trabalham com zelo.

Aqueles que ainda trabalham, precisam sustentar os fantasmas dos cargos comissionados, a legião de políticos em Brasília, pagar sindicatos, pagar uma alta carga tributária e pagar a iniciativa privada por serviços que deveriam, pela constituição, ser prestados pelo órgão público.

Não se trabalha para construir um patrimônio ou conquistar uma qualidade de vida. Se trabalha para sobreviver.

Mas, se mergulharmos mais nesse oceano escuro, iremos perceber que além da política e econômica, temos uma outra crise: a moral.

Os políticos são uma fração do que é a sociedade. Uma sociedade corrupta gera políticos corruptos. Fraudamos a marcação de ponto na empresa, mentimos para os nossos familiares, colamos na escola, compramos diploma, fraudamos balanços contábeis, pagamos o “cafezinho” em uma blitz policial, pagamos o agente público para agilizar, ou melhor, apenas para seguir com um procedimento que era responsabilidade dele mesmo. 

Nossa humanidade está em crise. Nos bestializamos e nos tornamos insensíveis diante das barbáries do dia a dia. 

Uma jovem morre ao chegar no Rio de Janeiro por uma bala perdida e nos acostumamos.

Uma adolescente é estuprada por 30 homens e levantamos um juízo de valor contra a adolescente. Um comentário na internet dizia: “Se estivesse na igreja, isso não teria acontecido”. Loucura!!!
Aceitamos uma “marcha para Jesus” feita por pastores que apoiam políticos corruptos e ficamos calados. A lã das ovelhas é roubada e elas não choram.

Uma mulher é acusada no Facebook, sem provas, de que fazia sacrifícios de crianças e que era bruxa. O povo, sem apurar, se bestializa e espanca a mulher na rua até a morte. Ironicamente, a mulher era mãe e cristã.

Há muitas feridas abertas na nossa terra. Há muito sangue inocente que clama por justiça.

Até onde isso irá?

O lado bom da crise é que ela gera o novo! Uma nova geração mais politizada, mais ética, mais empreendedora, mais zelosa, mais humana e mais inteligente.

Essa tem que ser a nossa esperança. Pois, ou evoluímos ou afundamos de vez.

Pense nisso!

Pedro Henrique Curvelo
Maio de 2016 

imagem: https://www.linkedin.com/pulse/brasil-de-crise-em-olivia-bulla

sábado, 6 de fevereiro de 2016

A NOVA PRISÃO DE HITLER. OU SERÁ A NOSSA?



A sociedade brasileira ficou estarrecida com a decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro ao proibir a venda do livro de Hitler no Rio. Tal atitude coloca os pensamentos de Hitler na prisão novamente (O livro Mein Kampf foi escrito quando Hitler esteve preso em Landsberg). No entanto, proibir a comercialização do livro do ditador que virou o mundo de cabeça para baixo na Segunda Guerra Mundial é encarcerar na verdade os nossos pensamentos.

Cada cidadão é livre para ler o que quiser. Tem que partir do indivíduo o discernimento do que é bom ou do que é ruim.

Eu li Mein Kampf (Minha Luta) durante a faculdade de História. Tal leitura foi fundamental para a construção do meu trabalho de conclusão do curso onde falei sobre “A participação da Igreja Luterana no Nazismo na perseguição aos judeus”.

Particularmente a leitura desse livro foi cansativa. Não há coerência em vários parágrafos do livro. Mesmo passando por diversas revisões antes de ser publicada.

Amigo leitor, entenda: Eu li o livro do Hitler e não me tornei nazista por causa disso. Da mesma forma, tenho um amigo que leu o livro do Harry Potter e não se tornou bruxo e nem aprendeu feitiçaria após a leitura.

Reforço o entendimento: Proibir a leitura de certos livros é voltarmos a Idade Média onde a Igreja Católica determinava o que podia ser lido ou não.

Proibir a leitura desse livro, seja em caráter de curiosidade do leitor ou por um pesquisador acadêmico é censura e fere a Constituição. Que liberdade é essa que temos onde um agente público é quem define o que eu posso ler ou não?

Por fim, não está em jogo se as ideias do louco do Hitler eram coerentes ou não. E sim, a nossa liberdade de ler qualquer tema, criticarmos e formamos nossa opinião. Hitler não foi censurado pela Justiça do Rio. A nossa inteligência é que foi.

Pense nisso!

Pedro Curvelo

Fevereiro de 2016
Imagem: https://pt.wikipedia.org/wiki/Mein_Kampf